Em entrevista ao Jornal de Brasília, o presidente do PT-DF Roberto Policarpo fala sobre questões do partido na região.
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ROBERTO POLICARPO - PRESIDENTE DO PT/DF |
O presidente regional do PT, deputado federal Roberto Policarpo, é
contra a realização de prévias internas no caso do nome da legenda para a
disputa do GDF em 2014. Para Policarpo, o candidato natural é o atual
governador Agnelo Queiroz. Ontem o Jornal de Brasília, na coluna Do Alto
da Torre mostrou que a discussão sobre tema circula pelas bases
petistas. Policarpo fala sobre a polêmica sobre a formação da frente
Construindo um Novo Brasil (CNB), que integra. O deputado considera que é
preciso diminuir a pulverização de grupos internos. Para o presidente
petista, o GDF precisa ainda acertar o caminho no que se refere aos
servidores.
Prévia do PT em 2014
Eu nunca fui contras as prévias no PT. Só acho que, quando você é
governo e tem o processo de reeleição colocado, o candidato natural à
reeleição é quem está no cargo de governador. É um direito natural. Vou
defender que não haja prévias no Distrito Federal e que o nosso
candidato seja o governador Agnelo Queiroz. Acho que, no caso, a prévia
desgasta mais o partido. Passamos agora por um processo de eleições
municipais onde se viu que, nos locais em que o partido se dividiu, a
população deu a resposta depois. É preciso, portanto, ter muita unidade e
fazer o governo dar certo. Vamos chegar em melhores condições já em
2013. Em 2014, estaremos em condições de disputar a eleição. Não tenho
dúvida que o candidato vai ser Agnelo Queiroz.
Blocos partidários
O presidente é o presidente do partido como um todo. Agora, ele se
articula internamente, discute os seus espaços. O presidente sempre vai
pertencer a algum grupo, a alguma corrente, seja ele quem for. Isso não
quer dizer que ele tenha que priorizar aquela corrente em detrimento do
conjunto. Tem que saber mediar e representar o partido todo. A primeira
coisa é ter isso como um norte. Não tenho dúvida de que sempre
comportei dessa forma. Entretanto, o PT passa por um processo de muita
pulverização interna. No último Processo de Eleição Direta (PED), em que
fui eleito, o PT tinha, inicialmente, 12 candidatos a presidente.
Terminou com quatro. Mas teve 16 chapas para o diretório. Nós não temos
16 concepções partidárias ou de sociedade para ter internamente essas 16
chapas. Essas 16 chapas só poderiam ser buscas por espaços e não por
discussão sobre como vai caminhar o partido. Não aglutinavam.
Reflexos da divisão
Quando se chega a presidente após um resultado desse, você tem no dia a
dia um diretório e uma executiva muito pulverizados. Quando fomos olhar
melhor, dessas 16 chapas a maioria se articulava nacionalmente no CNB.
Aqui estava tudo dividido. Faz-se política de forma dividida, mas
nacionalmente fecha com um campo nacional, que junto com outras forças
constitui um campo majoritário, nacionalmente. Então a gente disse:
alguma está errada aqui. Esse processo não é novo. Desde 2003 vem se
discutindo fundir esses grupos e fundar o CNB para articular melhor
aqui, já que as concepções partidárias e as visões de sociedade são
muito próximas.
Divisão atrapalha
Sempre atrapalhou. Quando se baseia em concepções diferenciadas do
partido e no que pensa a sociedade como um todo a divisão é salutar. Mas
quando ocorre por interesses menores, dificulta. Dificulta no processo
eleitoral, no dia a dia do partido, na própria composição do governo,
na execução do nosso programa, na busca de mais unidade interna.
Precisamos de um partido mais unido, mais coeso, que daria tranquilidade
maior para o próprio governador e proporcionaria diretriz melhor para a
execução do nosso programa. Existem setores que por uma razão ou outra
sempre não quiseram a CNB, mas a gente topou levar a proposta à frente.
Hoje a gente conseguiu unificar de 80% a 90% desses grupos ligados à
CNB nacional. Mas a gente espera que a médio prazo, lá na frente, possa
estar todo mundo junto.
Eleição interna
Neste momento, estou preocupado com que o governo dê certo. Vou deixar o
projeto do Processo de Eleição Direta para o próximo ano. Cada coisa no
seu tempo. Tentam antecipar essa discussão e, pelo fato de você estar
trabalhando diretrizes de unidade de fortalecimento, interpretam ou
tentam usar isso como argumento para dizer que quero tirar algum tipo de
proveito em função da presidência. É natural que as pessoas queiram
antecipar a discussão. Mas no momento, acho que o melhor caminho para o
PT e discutir o PED em 2013 e unificar para fortalecer o governo.
Chico Vigilante
O Chico é um quadro importante do partido. É fundamental, para que o PT
esteja unido, que o Chico esteja bem. As divergências que nós tivemos
relacionavam-se à criação do CNB, pois eu gostaria que ele estivesse
dentro do CNB no Distrito Federal e ele não concordou. Esse é processo
de médio prazo e espero que lá na frente a gente possa estar junto
novamente.
Buriti
O governo dá sinais de melhora em várias áreas. É preciso que todas as
pessoas governo tenham uma compreensão de tudo o que tem sido feito em
todas as áreas. A gente nota que isso não existe. Nem o próprio governo
consegue enxergar tudo que está sendo feito. E digo sempre que é preciso
melhorar a articulação política do governo.
Servidores públicos
O governo também precisa fazer uma discussão melhore e ter o tratamento
adequado em relação às demandas dos servidores públicos. O governo
contratou, implementou o Regime Jurídico único, tem uma secretária
específica, honrou compromissos de governos anteriores, deu reajustes,
mas ainda assim foi insuficiente. É uma questão que precisa se pensar.
Para 2013, 2014 e para frente é preciso acertar melhor a política
salarial com o conjunto dos servidores públicos. Existem categorias de
nível superior que recebem um padrão salarial e outras que ganham duas
vezes esse padrão. Isso precisa ser corrigido. Então, não se pode adotar
uma política salarial que consista em dar apenas reajuste linear. Pode
até ter reajustes lineares, mas deve-se enfrentar as distorções que
existem entre as carreiras.
O julgamento no STF
O PT nacional já soltou uma nota. Ainda falta muita coisa. Muito pode
ser alterado e nós vamos seguir a orientação nacional. Conversei com a
nacional. Há uma indignação muito grande. Entendo que assistimos a um
julgamento injusto. Acho que o Supremo não fez Justiça e não se ateve
aos autos.
Fonte: Jornal de Brasília
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